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História

A música de Zé Lima que encantou Elis Regina

Foto: Canto da MPB

Elis Regina e César Camargo Mariano

No final dos anos 70, com apenas 19 anos, o cantor e compositor Zé Lima partiu de Mossoró para o Rio de Janeiro. Na capital carioca, frequentou altos círculos do showbiz com Bartô Galeno, na época “estourado” em todo o Brasil, com o hit No Toca Fita do Meu Carro.

Numa sessão de gravação do ídolo brega, Zé Lima deu uma palhinha e chamou atenção de produtor das gravadoras RCA e Som Livre. Era a canção autoral Nova Era. Convidado a gravá-la, deparou-se com Elis Regina no estúdio, onde também trabalhava a estrela da MPB.

Na performance, acompanhado de Os Vips, que tocava com Elis, Zé Lima diz que a canção arrebatou a “pimentinha”, como era chamada a intérprete, uma das melhores da história. Conta que Elis assistiu à gravação com César Camargo Mariano, produtor e marido dela.

“Elis ficou encantada com essa música e disse que gravaria. Mas eu gravei e meu produtor disse: ‘Não. Vamos lançar’. E saiu em compacto (assinando Lima Júnior) e tocou no Brasil inteiro, em 1979”, relembra Zé Lima, cuja carreira a partir daí deu uma guinada.

Gravou o primeiro LP (Gonzagueando no Fole), participou do festival MPB Shell, da Rede Globo (1981), fez programas de TV em rede nacional (Som Brasil, Bolinha, Perdidos na Noite).

Na sequência, lançou outro LP (Zé Lima), no gênero chamado MPB rural, que não fica a dever ao que na época faziam gigantes, como Jessé. Para se ter ideia do alto nível, esse trabalho tem arranjos do maestro Lincoln Olivetti e guitarras de Sérgio Dias (ex-Mutantes).

No final dos anos 80, concebeu outro disco, em parceria com o músico mossoroense João de Deus, também belíssimo.

Zé Lima: poeta, compositor nato (foto: Divulgação)

Nos anos 90, Zé Lima voltou às paradas de sucesso com Mar de Lama, no álbum Herói do Sertão, pela gravadora Som Zoom, com o luxuoso acompanhamento do auge da banda Mastruz com Leite.

Venceu, a partir dos anos 2000, inúmeros festivais regionais de música, sempre a aliar poesia e musicalidade e trafegar entre a cantoria de viola e outras influências.

Com mais de quarenta anos de carreira, Zé Lima, o poeta do sertão, compositor nato, é um artista que devemos prestigiá-lo e saudá-lo como o grande músico e letrista que é. Está em plena produção, tem diversos projetos e um disco de inéditas.

Em que pese essa magnífica obra, sua maior glória como compositor talvez tenha sido simplesmente ouvir ninguém mais, ninguém menos que Elis Regina dizer: ‘Quero gravar sua canção’. É Nova Era. Confira:

 

 

NOVA ERA

(Zé Lima)

 

Raio de sol anunciou / que outro dia vai chegar

O grito da mulher anunciou / que a criança vai chegar

É vida nova, / é vida nova, / meu irmão

 

O arco-íris anunciou / que outras cores vão pintar

A estrela anunciou / que não vai mais mudar de lugar

É a nova era, / é a nova era, / meu irmão

 

A semana acaba no domingo / e o dia acaba na tarde

A tarde acaba na noite / e a noite acaba na madrugada

E eu me acabo chorando, / e eu me acabo chorando, / ardendo de amor

E eu me acabo chorando, / e eu me acabo chorando, / de amor

 

Toda essa gente se engana,/ então finge que não vê

Eu nasci para ser depois / eu explico pra você

E tu vás morrer de medo, / e tu vás morrer de medo, / quando souber

Que eu trancado no meu quarto,/ que eu trancado no meu quarto, / pensava essas coisas

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