O pioneirismo é fundamental na identidade de Mossoró. Essa construção social é baseada na abolição da escravatura na cidade, em 1883, cinco anos da Lei Áurea. Embora controversa, tal vanguarda é motivo de orgulho. Igual honra, porém, é incabível ao mais novo, e menos lisonjeiro, pioneirismo de Mossoró: a primeira cidade da história do Brasil a registrar fuga em presídio de segurança máxima.
Tal fato sacode o noticiário do país, na Quarta-feira de Cinzas de 2024: dois detentos fugiram da penitenciária federal de Mossoró. Trata-se da primeira fuga do sistema de segurança máxima nacional, que soma cinco presídios.
Tidos como matadores da facção criminosa Comando Vermelho (CV), os fugitivos são Rogério da Silva Mendonça (36) e Deibson Cabral Nascimento (34). Ambos, do Acre, estavam na penitenciária de Mossoró há pouco mais de quatro meses.
Ainda não há detalhes sobre a fuga. A Polícia Federal e outras forças de segurança estão à caça dos fugitivos. O secretário nacional de Políticas Penais (Senappen), André Garcia, viaja a Mossoró. E os olhos do país voltados, de forma negativa, à cidade.
Impõe-se resposta à sociedade. É mais do que dever – questão de honra para as autoridades – a recaptura dos criminosos.
Não para se redimir da fuga, porque essa vergonha é irremediável. Mas para, além de retirar os bandidos de circulação, evitar que Mossoró seja precursora em mais um feito negativo: de onde ficaram à solta detentos de segurança máxima.